O P.e Leopoldino Mateus menciona um escrito do P.e Arlindo Ribeiro da
Cunha sobre a origem da palavra Balasar (1): ela deriva de Belisário.
São as seguintes as formas antigas sob
que ela ocorre: Belsar, Belesar, Bassar, Balssar,
Ballassar.
É de admitir que a sílaba final se leu
sempre como zar, apesar dos registos
gráficos: Belzar, Belezar, Bazar, Balzar,
Ballazar. A história duma palavra é sobretudo a do seu uso oral e esta
sílaba tónica, que se lia como zá em
Belisário, há-de ter permanecido inalterada.
Como Belsar
e Belesar, por um lado, e Balssar e Ballassar, por outro, são formas muito semelhantes,
juntando-se-lhes Bassar, ficam três
versões do topónomo a merecer atenção.
Belesar e Belsar só diferem num pormenor do
registo escrito: umas vezes respeitou-se aquele e a seguir ao l, outras
não; em termos de pronúncia era quase a mesma coisa.
Em relação a Ballassar e Balssar, a
situação é idêntica, sem diferenças significativas para a pronúncia. Em Bassar, verifica-se o caso conhecido da
eliminação dum l intervocálico; por
isso corresponde a Ballassar.
Posto isto, restam duas variantes: Belesar e Ballassar. Aceitando que elas se liam Belezar e Balazar, fica
apenas por explicar a substituição dos dois ee
pelos dois aa.
Trata-se porém de duas formas quase
igualmente antigas, já que Bassar
ocorre em 1258 (2).
Quando porém se diz que o nome da
freguesia deriva de Belisário, deve-se estar precavido para o
seguinte: nunca terá havido qualquer Belisário em Balasar, mas só um Belsar. Paio Correia o Velho e o seu filho Pêro Pais Correia que aparecem à frente só no latim dos
documentos tabeliónicos é que se chamavam, em formas alatinadas, respectivamente,
Pelagius Corrigia vetus e Petrus Pelagii Corrigia, como é
confirmado pelos nobiliários (3).
A língua já tinha evoluído muito e as pessoas comuns não sabiam mais latim do
que hoje.
Atendendo ao étimo da palavra, não há
nenhuma razão para a grafar com z em
vez de s no princípio da última
sílaba.
O P.e Leopoldino tem contudo uma explicação para a adopção do
nome de Balasar para a freguesia que é errada e que deve ser
corrigida. O erro nasce dele desconhecer mesmo, ao que parece, o texto das
Inquirições.
Afirmou este antigo pároco que, no
momento de se juntarem as duas paróquias, se pôs a questão do nome a dar à nova
realidade que surgia e que houve polémica, acabando por se adoptar a solução de
eliminar os dois topónimos anteriores e optar pelo dum lugarejo insignificante.
Pode ser que algo disto esteja na tradição local, mas o nome que na altura se
adoptou foi o da freguesia anexante, que há muito se chamava Balasar, e não está documentada qualquer
polémica a este respeito.
A ter existido alguma disputa do género,
ela faria algum sentido se tivesse a ver com acontecimentos muito mais antigos,
entre Lousadelo e Matinho, quando a freguesia deixou de
ser Santa Eulália de Lousadelo e passou a ser Santa Eulália de
“Belsar” (4).
[1]
Santa Eulália de
Balasar,
in Boletim Cultural Póvoa de Varzim, vol. I, nº 2, 1958,
págs. 1-2.
[2] Na
Índia, também existe uma localidade com o nome de
Balasar. Assim, tal qual.
[3]
No Conde D. Pedro, o nome destes homens vem assim escrito: Paay Soarez Correa o Velho e Pero
Paaez Correa.
[4]
É preciso corrigir também a afirmação da Grande
Enciclopédia Portuguesa e Brasileira sobre Balasar como vila romana da
cividade de Bagunte. Se Balasar era nome dum lugar insignificante, nunca
poderia ser nome dessa vila… Depois, na área da Balasar original, só está
documentada a antiga Vila do Casal.
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